Internacionalização de empresas: como fazer uma expansão segura

A internacionalização de empresas é um tema de interesse de muitos empresários brasileiros, afinal, oferece grandes vantagens. Por meio desta expansão, é possível diversificar os negócios, atingir novos mercados, e alcançar competitividade a nível global, para além das fronteiras do Brasil.

Para se ter uma ideia, a Fundação Dom Cabral – FDC realizou uma pesquisa, entre 2020 e 2021, com 154 empresas que possuem atividades em outros países. Dentre elas, havia as de perfis apenas comerciais, apenas produtivas, comerciais e produtivas ou franquias. Mesmo com um contexto de pandemia e a situação socioeconômica e política no Brasil e no mundo, cerca de 60% disseram que seus resultados internacionais melhoraram, 25% apontaram estabilidade e apenas 18% sinalizaram uma piora.

Para que o objetivo de internacionalizar a empresa seja bem-sucedido, é fundamental atentar-se a alguns pontos do processo. Neste artigo, você verá qual a importância do diagnóstico da capacidade de internacionalização, como escolher o país para implementar operações, além das vantagens da internacionalização.

Faça um Diagnóstico da Capacidade de Internacionalização de Empresas

A pesquisa “Trajetórias de Internacionalização das Empresas Brasileiras”, de 2018, elaborada pela Fundação Dom Cabral – FDC, objetivou auxiliar as empresas na elaboração e avaliação de estratégias de internacionalização de empresas. No estudo, é apresentado o Diagnóstico da Capacidade de Expansão Internacional das Empresas Brasileiras, com indicadores para avaliar e planejar uma estratégia internacional.

Ao todo, são cinco dimensões que devem ser analisadas durante esse processo, veja:

1. Internacionalização de Empresas: Proposta de Valor

Diz respeito à estratégia do negócio, especificamente sobre o mix de produtos e serviços que será colocado no mercado internacional.

Também trata das adaptações necessárias, levando em conta aspectos importantes, como:

  • diferenças culturais, legais e administrativas;
  • segmentação e conhecimento do mercado internacional;
  • gestão da marca global;
  • vantagens competitivas.

2. Internacionalização de Empresas: Modelo de Negócios

Revisão que permite à empresa buscar a melhor forma de entrar e se manter nos mercados de interesse. Nesse contexto, devem ser levados em conta aspectos como:

  • escolha das geografias de destino;
  • análise das vantagens comparativas presentes;
  • definição dos modos de entrada e expansão no exterior (aquisição, franquia etc);
  • análise do macroambiente de negócios;
  • decisão sobre quais atividades da cadeia de valor serão terceirizadas ou internalizadas pela empresa.

Nessa dimensão, é muito importante que a gestão tenha em mente que não é interessante praticar um modelo de negócios rígido, idêntico ao praticado no mercado brasileiro. Isso pode afetar a eficiência da empresa em seu processo de entrada e adaptação aos mercados internacionais.

3. Internacionalização de Empresas: Modelo Organizacional

Maneira como a empresa se estrutura para operar em outros mercados. Devem ser consideradas questões como:

  • Grau de autonomia e controle da matriz em relação a suas subsidiárias;
  • as diversas formas de configuração internacional e governança;
  • os fluxos de conhecimento e inovações entre as diversas unidades que formam a rede da multinacional.

Nesse ponto, é importante que o negócio conte com uma estrutura preparada para lidar com os desafios gerenciais da internacionalização, além de permitir a flexibilização do modelo organizacional.

4. Internacionalização de Empresas: Talentos e Liderança

Um aspecto importante no processo de internacionalização de empresas é contar com um completo time de executivos talentosos com algumas habilidades técnicas e comportamentais:

  • condições de gerir equipes;
  • gosto por desafios;
  • visão sistêmica da organização;
  • capacidade de tomar decisões em ambientes complexos;
  • alta inteligência cultural;
  • resiliência;
  • domínio de idiomas;
  • flexibilidade.

5. Internacionalização de Empresas: Gestão de Stakeholders

Essa dimensão trata da necessidade de se levar em consideração as partes envolvidas no processo de internacionalização. Ou seja, aqueles que afetam e são afetados pela atuação internacional das empresas. Por exemplo:

  • comunidades locais;
  • ONGs;
  • entidades empresariais;
  • governos;
  • sindicatos;
  • agências reguladoras nos países de destino.

A gestão dos stakeholders é uma estratégia que, para além da estratégia de mercado, contribui para a redução de riscos financeiros, políticos e de reputação. Também ajuda na construção de relações de confiança com os envolvidos.

Saiba como escolher o melhor país para a Internacionalização de Empresas

A decisão pela internacionalização deve ser tomada de forma estratégica, partindo de um conhecimento profundo do mercado em que se irá atuar para evitar prejuízos futurosà empresa. Para isso, é fundamental que as empresas verifiquem dois aspectos importantes antes da tomada de decisão:

Estude o mercado internacional

Aprofunde-se em todas as informações sobre aquele país, para que a empresa analise se realmente vale a pena o investimento.

Dentre os pontos a serem levantados estão:

  • os hábitos de consumo do público de interesse;
  • os costumes culturais, sejam eles religiosos, sociais, do mercado de trabalho etc;
  • a dimensão e o valor do mercado que se pretende entrar;
  • os concorrentes diretos e indiretos;
  • as principais características da população.

São dados que, em muitos casos, no contexto brasileiro, são mais fáceis de serem acessados, mas demandam mais atenção e pesquisa quando se trata de outro país.

Entenda a legislação de cada país

Toda organização interessada no processo de internacionalização deve conhecer qual é a legislação vigente e aplicável no país de destino.

Um bom exemplo a ser citado, algo que é muito debatido no mundo e que toda empresa precisa, trata da legislação que define as regras para garantia de armazenamento e segurança de dados dos cidadãos.

A diretriz pode mudar de um país para outro, sendo que em alguns são mais rígidas e podem render sérias punições legais e financeiras às empresas, em caso de descumprimento.

Conheça as vantagens da Internacionalização de Empresas

Algumas vantagens podem ser citadas para as empresas que optam por uma estratégia global como a internacionalização de empresas. Confira:

A internacionalização de empresas promove proteção cambial

Uma das preocupações no contexto da gestão do patrimônio de empresas brasileiras é a volatilidade da moeda, especialmente considerando a desvalorização do real frente a outras moedas.

Ao optar por investir uma parte do patrimônio em outro país, caso haja uma desvalorização dos ativos brasileiros, os rendimentos atrelados, por exemplo, ao dólar serão protegidos e valorizados. Isso porque haverá a proteção cambial em uma moeda forte.

A internacionalização de empresas permite independência do mercado interno

Três fatores principais tornam o ato de empreender no Brasil, atualmente, um grande desafio:

  1. O complexo sistema tributário, com altas taxas;
  2. A crise sociopolítica que o país enfrenta;
  3. Além do cenário provocado pela pandemia da Covid-19, que afeta diversas áreas.

Por isso, uma das vantagens de se investir na internacionalização de empresas é que o negócio cria uma melhor autonomia, sem depender inteiramente dos resultados alcançados no Brasil que podem ser incertos.

Se inserir em mercados estrangeiros otimiza o retorno de investimento

Ao conhecer melhor a economia de muitos países, empresários brasileiros percebem a alta e ágil capacidade de retorno de seus investimentos, o que garante o sucesso de um negócio.

Empreender no exterior pode pavimentar um processo imigratório

A abertura de um negócio no exterior não garante automaticamente a autorização para que o empreendedor resida de forma legal no país, mas, sem dúvida, facilita esse caminho. Um dos exemplos mais conhecidos é o processo migratório para os EUA, devido às várias categorias de vistos que podem ser solicitados.

Dentre eles, estão o visto americano EB-2 NIW, que concede residência permanente a profissionais com formação superior, e o visto de investidor E-2, que autoriza residência temporária a empreendedores que possuem dupla cidadania em países que fazem parte do Tratado do Comércio com os EUA.

Cenário cada vez mais favorável à internacionalização de empresas para os EUA

Brasil e Estados Unidos mantêm uma boa troca comercial e o país sempre é alvo dos brasileiros. Algumas informações só reforçam o quanto uma estratégia de expansão para o país pode ser vantajosa.

De acordo com dados da Câmara Americana de Comércio do Brasil – Amcham, em 2021, os países mantiveram relações bilaterais de importação e exportação que somaram US$ 70,5 bilhões, batendo o recorde anterior, em 2019, que era de US$ 64,5 bilhões.

Além disso, o estudo feito pela Fundação Dom Cabral mostrou que 67% das empresas ouvidas têm planos para expansão nos países que já atuam e cerca de 70% planejam expandir para outros países nos próximos dois anos, sendo que o principal destino de interesse são os Estados Unidos.

As perspectivas são cada vez mais interessantes para a internacionalização de empresas. Por se tratar de um processo burocrático e que pode envolver questões legais, imigratórias, tributárias e até mesmo patrimoniais, é fundamental contar com uma assessoria especializada.

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